quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Brotas vive emoções do Auto de Nossa Senhora


Espetáculo teatral une música, dança, folclore e a tradição religiosa e agrada o público

A história da fundação de Brotas de Macaúbas, a partir da lenda do milagre da vaquinha, atribuído a Nossa Senhora, a religiosidade de um povo, suas festas e folguedos, música dança e teatro estão presentes na montagem do Auto de Nossa Senhora de Brotas, encenado pelo recém-criado Grupo Cultural Cayam-Bola. Desde a estreia, de 3 de dezembro, marcando as comemorações dos 50 anos de ordenação sacerdotal do Monsenhor João Cristiano, o Auto obteve grande repercussão e, além de Brotas, já foi mostrado em mais duas comunidades, a da Mata do Bom Jesus e também em Boa Vista, esta na região do Sumidouro, onde está sendo implantado o primeiro Parque Eólico da Bahia.
O texto do Auto de Nossa Senhora de Brotas é assinado pelo jornalista, poeta, escritor, cordelista e dramaturgo Rosalvo Martins Júnior, que também produziu e dirigiu a montagem. O autor também encarnou um dos três jograis (contadores da história), responsáveis pelo embate com o Diabo que aparece para atrapalhar a história. Outro ponto alto do espetáculo foi a Mulinha de Ouro, personagem dos antigos reisados de Zé Raimundo que há quase 70 anos não era visto na cidade. Outros elementos da tradição das folias de Reis, como a homenagem da Lalu e Catarina Balaio de Fulô arrancaram aplausos da plateia.
O espetáculo faz um passeio pela cultura popular, revelando fatos da história de Brotas de Macaúbas, desde a descoberta do primeiro diamante até a implantação do Parque Eólico, passando pelas guerras entre os coronéis Horácio de Matos e Militão Coelho. Se a Mulinha do reisado deu o toque de graça, o Auto primou pela emoção ao mostrar o sofrimento de uma família pela doença da filha, a promessa a Nossa Senhora e o milagre vivenciado. Índias, cantadores e repentistas surgiram no palco onde também aconteceu a encenação da aparição do Anjo Gabriel a Maria.
O Auto lembrou a alma brotense, através da junção dos colonizadores portugueses, dos índios nativos e dos negros trazidos como escravos. Faz também referência à mais tradicional festa religiosa do município, a de Pentecostes, com o imperador pequenino e a bandeira vermelha, tradições trazidas por imigrantes açorianos há mais de dois séculos. Resgatou personagens históricos e culturais, lembrando, inclusive o maestro Manoel Barbosa Campos e a professora Cotinha, autores do Hino da Cidade.
Foi a partir das lembranças da infância que o autor teve a ideia de juntar um pouco da rica matriz musical que representa a folia de reis – manifestação que estava praticamente desaparecida na região – com outros elementos culturais, como a Festa do Divino e os bailes pastoris. Juntou tudo isso com a linguagem do cordel, transformando o Auto de Nossa Senhora de Brotas num espetáculo onde se mesclam harmoniosamente teatro, dança, música, folclore e religiosidade.
Para montar o Auto, o Grupo Cultural Cayam-Bola contou com o importante apoio de filhos da terra, a exemplo de Edilson Campos, cuja Pousada Vovó Terezinha, de sua propriedade, é a patrocinadora exclusiva. Ao ceder a sede do CRAS para os ensaios à noite, a Prefeitura Municipal também deu o seu apoio, reforçado pelo incentivo da primeira dama Eliene Ferro. Dilton Aécio Oliveira, Deodato Alcântara e o bloco Psiu Psiu, Wanderley Rosa Matos, Joelita Viana, Zélia Donato, Cristina Sodré e Dr. Carlos Martins Lopes também acreditaram na montagem.
FICHA TÉCNICA
Concepção, direção, cenário e produção – Rosalvo Martins Júnior
Figurinos – Luciana Rodrigues
Maquiagem e alegoria – Elenice Araújo
ELENCO
Jograis – Francisco Barbosa, Marcos Roberto e Rosalvo Júnior
Diabo – Tchica Sodré
Pai – Rafael Novaes
Mãe – Ivone Alcântara
Filha – Késia Hellen
Burrinha – Marcos Roberto
Anjo – Maria Paula
Maria – Daiane Barbosa
José – Marcos Manchinha
Isabel – Alekênia Barbosa
Catarina – Milena Sodré
Catita – Amanda Oliveira
Índias – Rosângela Novais e Nayara Carla
Lalu – Michel Roque
Imperador – William Novais

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